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hoje é só pelo pacto

  Slide da aula sobre Lygia Fagundes Telles que fiz com a Tayná Saez Coloquei um limite de tempo pras redes e preciso respeitar. Pra não apertar o botão de "ignorar limite" fui arrumar algo pra fazer e lembrei do meu pacto, de escrever aqui todos os dias. Sou desorganizada, logo não criei uma tarefa pra isso ainda.  Tarefas ajudam, é importante ver as coisas que preciso fazer sistematizadas em uma listinha, mas a verdade é que tem dias que não tô pra listas e não sei bem como lidar com isso. Abraçar o caos e deixar minha cabeça descansar no cobertor quentinho da irresponsabilidade ou me forçar a aprender uma rotina mesmo quando considero tediosa, mesmo que só pra garantir a ofensiva no Duolingo? Eu sei que deveria dizer que a rotina é melhor, o esforço, o mérito, a produtividade, porque todo dia a gente tem que andar com a vida, não pode descansar. A rotina é de fato a melhor resposta na maioria dos dias. Mas tem dia que não, tem dias que eu quero mais é que as listas e os há
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Então a ideia é escrever todos os dias...

Nem sempre publicar, nem sempre compartilhar em outros lugares, mas escrever, aqui, como eu amava tanto fazer quando a internet era mato e a "blogosfera" uma pequena sementinha começando a germinar. Eu ia escrever que gostava muito do meu blog, mas não é verdade, eu AMAVA. Amava sentar todos os dias na frente do computador e falar qualquer coisa, revelando os nomes de todo mundo e os lugares que eu frequentava como só quem não tem a mínima noção do que é e viria a ser a internet poderia fazer. Aqui eu finalmente encontrei um diário que funcionava pra mim, que permitia que as palavras surgissem na mesma velocidade do meu pensamento, que me dava a opção de decorar como eu quisesse, escolher as cores e os formatos de letra que me apetecessem. Criar e curtir sem amarras e sem expectativa, pela pura vontade de escrever e ir nutrindo um lugar, um refúgio onde qualquer pensamento é permitido.  Eu quero amar de novo, não quero nada em troca, só amar. Não sei o que vai ser, mas posso

Pandemônica: Capítulo 04

  Uma série de autoficção, com trechos dos diários de Mônica , uma brasileira sobrevivendo à pandemia e ao caos que tomou conta do país, desde março de 2020     Quinta, 08 de julho de 2021  Um avião passa no céu, fazendo um rastro de fumaça. Penso ser uma estrela cadente. Se uma estrela cadente fosse, eu teria três pedidos: viver muitos anos, ser feliz e mudar o mundo. Coisa à toa. Mas se tivesse um só, pediria, sem dúvida, pra viver muitos anos. Pra cair bastante, errar bastante, levantar bastante e seguir tentando acertar. Porque viver nesse mundo é horrível, mas também é maravilhoso demais.        

Um lugar pra caminhar devagar

 Eu sinto muita falta de escrever sem nenhum propósito, sem pensar em post, tweet, vídeo ou qualquer outra forma de tonar essa atividade tão apaixonante em algo que possa ser apreciado. Eu sinto falta de escrever por escrever. Conversar comigo, enquanto desembolo os nós da minha cabeça sem pensamentos intrusivos que dizem "hum, se der menos de 2200 caracteres dá pra postar no instagram" ou "mas se ficar aqui no blog mesmo preciso pensar formar de anunciar nas redes". Preciso ser vista, preciso satisfazer, preciso ser apreciada. Sinto falta de só precisar escrever.  

Pandemônica: Capítulo 03

  Uma série de autoficção, com trechos dos diários de Mônica , uma brasileira sobrevivendo à pandemia e ao caos que tomou conta do país, desde março de 2020 Terça, 24 de março de 2020 7º dia de quarentena 10:38 Quero dançar todos os dias pois cada dia vai ser mais difícil não pensar. Quero dançar todos os dias pra manter aberto o canal de comunicação com meu corpo e eu possa entender do que ele precisa. Quero dançar todos os dias pra fazer um movimento nessas horas em que me sinto com mãos e pés atados. Quero dançar todos os dias porque não sei até quando vou poder fazer isso.

Pandemônica: Capítulo 02

Uma série de autoficção, com trechos dos diários de Mônica , uma brasileira sobrevivendo à pandemia e ao caos que tomou conta do país, desde março de 2020 Terça, 27 de julho de 2021 Notícias do dia Talvez eu precise de muitos minutos de silêncio pra perceber que o tempo é uma coisa que estica e puxa, como quando a gente aumenta ou diminui a velocidade de um áudio no Whatsapp. O presente determina quanto tempo o tempo vai durar. No presente, sento pra ver o céu mudar de cor rapidamente, nos minutos finais da tarde, enquanto tento ficar em silêncio e me perceber como essa mulher de quase 37 anos. Definitiva e oficialmente mais perto dos 40 que dos 30, vendo os 20 e poucos, que parecem ter sido ontem, ficarem pequenos na paisagem diante de tudo o que veio depois. O que tem nesse caminho? Do “pico” da juventude pras portas da maturidade? Quem inventou esses limites e determinou essa geografia? Eu me sinto subindo e descendo todos os dias. Abrindo e fechando portas durante todo

Pandemônica: Capítulo 01

Uma série de autoficção, com trechos dos diários de Mônica , uma brasileira sobrevivendo à pandemia e ao caos que tomou conta do país, desde março de 2020. 12 de março de 2021 A gente já sabia que eventualmente o mundo vai acabar. Assim como todas as outras coisas, a nossa passagem por esse planeta vai chegar ao fim. Eu acordo lendo e ouvindo notícias do fim do mundo há um ano. Há um ano milhares de mortes (agora diárias) pesam sobre a nossa cabeça. Há um ano a nossa efemeridade é jogada violentamente na nossa cara e, ainda assim, as pessoas parecem não ver. Carregamos uma bomba-relógio de dor, cólera e medo na barriga há um ano, pronta para fatalmente explodir a qualquer momento. Medo de perder nossas pessoas queridas, medo de não ter como pagar as contas, medo de sair na rua, de precisar de atendimento médico, medo de respirar. Medo de puxar o ar e não saber se ele não vem por conta de uma das crises de ansiedade diárias ou porque você se tornou mais um número na estatísti